Microempresas
As Estatísticas dos Cadastros de Microempreendedores Individuais (MEI), disponibilizadas pelo IBGE, fornecem dados detalhados sobre o perfil de microempreendedores no Brasil, incluindo informações sobre gênero, setor de atividade e localização geográfica. É importante destacar que esta pesquisa tem caráter experimental, e suas estatísticas ainda estão em fase de avaliação, pois não atingiram plena maturidade em termos de harmonização, abrangência ou metodologia. Ainda assim, espera-se que as dimensões de análise atualmente escolhidas ajudem a quantificar e delinear melhor o perfil dos empreendedores e empresas no Brasil, permitindo uma análise mais precisa do cenário de negócios.
1. Número de microempreendedores individuais por UF

São Paulo é o estado que mais se destaca no número de microempreendedores individuais, que superam mais de 21,2 milhões, mostrando a forte economia, urbanização e população, que traz mais oportunidades ao empreendedorismo. Enquanto isso, estados da região Norte, como Acre, Amapá e Roraima, e Centro-oeste, como no Mato Grosso do Sul, apresentam, relativamente, baixos MEIs, devido à menor quantidade de pessoas e economias menos diversificadas. O gráfico parece mostrar uma relação entre o tamanho da economia estadual, densidade populacional e quantidade de MEIs. Isso significa que estados mais ricos e populosos, como São Paulo, Minas gerais e Rio de Janeiro, atraem e incentivam mais o empreendedorismo, que estados em que economicamente vivem apenas da agricultura, por exemplo.
2. Proporção de MEIs que exercem atividade na própria residência
De acordo com o gráfico, 33,1% dos MEIs atuam em suas próprias residências e 66,9% restantes, não. Isso mostra uma considerável parte dos empreendedores tentando reduzir custos, pois não tem que gastar com aluguel de espaço ou com transporte, o que pode ser essencial para conseguir sobreviver. Isso pode estar relacionado com o crescimento do trabalho remoto e comércio eletrônico, principalmente quando se têm atividades que dependem da internet, como vendas online ou prestação de serviço a distância. No entanto, a mais da metade dos MEIs não trabalha em suas residências que, pode se pensar, trabalham com atividade que precisam de espaço físico, como as atividades de comércio de rua, atividades de extração mineral e alojamento e alimentação.

3. Número de MEIs segundo ano de filiação

Em 2015, o Brasil possuía cerca de 4,6 milhões de MEIs, e esse número começou a crescer lentamente nos anos seguintes. O ritmo de aumento foi intensificado em 2017, quando subiu para 6,1 milhões no total, alcançando 8,1 milhões em 2018. Essa evolução mostra uma mudança na atitude de empreendedorismo, proporcionada por medidas governamentais mais favoráveis à formalização e cultura empreendedora. Em 2019, o número de MEIs disparou para 11,3 milhões de empreendedores, o que significa que mais brasileiros viram no empreendedorismo uma esfera de trabalho e renda lucrativa. No entanto, houve uma ligeira queda para 2020, totalizando 12,8 milhões de MEIs, devido ao declínio resultante dos desafios econômicos da pandemia, que fizeram os empreendedores reavaliarem seus negócios. Apesar dessa diminuição, o número de MEIs permaneceu elevado, indicando que o modelo de microempreendedor individual contina a ser uma opção viável para aqueles que buscavam se reinventar profissionalmente, destacando a resiliência e determinação dos empreendedores brasileiros diante das dificuldades
4. Número de MEIs nos Programas CadÚnico e Bolsa Família por sexo
Os dados mostram que o número de mulheres microempreendedoras no CadÚnico é superior ao de homens. Entre os microempreendedores estrangeiros, há uma inversão na relação de gênero: enquanto as mulheres predominam entre os brasileiros, os homens são maioria entre os estrangeiros. Em termos gerais, independentemente da nacionalidade, o gráfico mostra que ser formalizado não é suficiente para garantir a independência financeira, evidenciando a importância do papel das políticas públicas para auxiliar financeiramente o trabalhador e a luta constante pela melhoria da vida.

5. Cadunico e Bolsa Família por Nacionalidade Pais De Origem

A tabela revela que a maioria dos microempreendedores estrangeiros cadastrados no CadÚnico e beneficiários do Bolsa Família no Brasil provém de países com graves dificuldades econômicas, como a Venezuela e o Bolívia. Os venezuelanos, em particular, somam 4.265 microempreendedores no CadÚnico e 2.355 que recebem o Bolsa Família, evidenciando como a crise socioeconômica em seu país os leva a buscar refúgio no Brasil e a ver o microempreendedorismo como uma saída para gerar renda. Além disso, a presença de migrantes de diversas nações africanas e de países como Peru, Paraguai e Haiti reforça a tendência de que muitos estão se mudando para o Brasil em busca de melhores oportunidades. Embora a formalização como microempreendedores represente uma estratégia de sobrevivência, a dependência do Bolsa Família mostra que muitos ainda enfrentam desafios econômicos significativos, indicando que ser um MEI nem sempre garante uma renda suficiente.
6. Cadunico e Bolsa Família por Nível De Instrução
A análise dos dados revela que, entre os microempreendedores com ensino médio completo e superior incompleto, há 1.812.502 registrados no CadÚnico e 884.990 no Bolsa Família, indicando que, apesar de possuírem algum nível de educação, muitos enfrentam dificuldades financeiras, sugerindo que a formação sozinha não garante sucesso nos negócios. Por outro lado, microempreendedores com ensino superior totalizam 159.893 no CadÚnico e 49.684 no Bolsa Família, indicando que, geralmente, dependem menos de assistência social. Contudo, a presença de graduados entre os beneficiários do Bolsa Família aponta que, mesmo com uma formação elevada, ainda enfrentam desafios econômicos. Em conclusão, este gráfico resume que a educação é um fator importante, mas não exclusivamente, no sucesso do empreendedorismo; portanto, políticas que promovem educação e apoio à criação de pequenas empresas são necessárias.

7. MEIs abertos em 2022 com vinculo prévio Por Sexo

O gráfico mostra que, em 2022, mais homens do que mulheres abriram empresas como Microempreendedores Individuais (MEIs) após terem um vínculo de trabalho anterior. Aproximadamente 600.000 homens se tornaram MEIs com vínculo prévio, enquanto cerca de 400.000 mulheres fizeram o mesmo. Isso revela uma diferença significativa entre os sexos, indicando que os homens, nessa situação, são mais propensos a migrar para o empreendedorismo formal do que as mulheres. A razão para essa diferença pode estar relacionada a fatores como oportunidades de emprego, responsabilidades sociais ou preferências individuais entre os gêneros. Por outro lado, quando se trata de microempreendedores com ensino superior, o número de mulheres supera o de homens. Isso sugere que as mulheres com ensino superior têm uma maior tendência a migrar para o empreendedorismo formal. Isso pode refletir diferenças nos impactos do nível educacional na decisão de empreender, ou em como o ensino superior favorece o empreendedorismo feminino, enquanto outros fatores podem influenciar mais os homens.
8. Salário do vínculo prévio por Escolaridade
Os salários anteriores dos MEIs, representados no gráfico, influenciam diretamente a decisão de se tornarem empreendedores. Aqueles com ensino superior, que recebiam salários mais altos, podem ter escolhido empreender com mais capital e conhecimento, buscando crescimento. Já aqueles com salários mais baixos e menor escolaridade podem ter visto o empreendedorismo como uma alternativa para melhorar a renda, devido à falta de oportunidades no mercado formal. Assim, o salário prévio reflete tanto a capacidade financeira quanto a motivação para empreender, seja por expansão ou necessidade. Portanto, o salário do vínculo anterior reflete não apenas a capacidade financeira, mas também o tipo de motivação para empreender: enquanto alguns podem ver o empreendedorismo como um meio de expansão e crescimento, outros o enxergam como uma alternativa para superar limitações de renda no mercado de trabalho tradicional.

9. Taxa de sobrevivência (3 anos) por CNAE e sexo

Os homens apresentam taxas de sobrevivência ligeiramente superiores em todas as categorias. Na agricultura e pecuária, a taxa é de 76,89% para homens e 75,85% para mulheres. No comércio e reparação de veículos, os homens têm 80,76% e as mulheres 78,26%. Na construção, a diferença é maior, com 85,23% para homens e 79,71% para mulheres. Na indústria geral, as taxas são de 82,1% para homens e 80,88% para mulheres, e em outros serviços, 78,68% para homens e 79,47% para mulheres. Essas diferenças podem refletir desigualdades no acesso a recursos e apoio, destacando a necessidade de políticas públicas que promovam um ambiente mais equitativo para todos os microempreendedores.
10. Taxa de Sobrevivência (3 anos) por CNAE e Idade
As taxas de sobrevivência mostram um padrão claro: à medida que a idade aumenta, também cresce a taxa de sobrevivência dos negócios. Por exemplo, na agricultura, a taxa é de 71,76% para jovens de até 29 anos e sobe para 80,77% na faixa de 40 a 49 anos. No comércio, a taxa aumenta de 75,16% para 84,4% nesse mesmo intervalo de idade. A construção apresenta taxas de 80,6% para os mais jovens e 88,04% para aqueles de 40 a 49 anos. Na indústria geral, a sobrevivência varia de 76,7% a 85,39%, enquanto em outros serviços, a taxa vai de 75,11% a 83,48%. Os resultados indicam que a maturidade e a vivência no mercado são fatores críticos que contribuem para o sucesso dos negócios. Portanto, é essencial promover o desenvolvimento e a capacitação contínua dos empreendedores, especialmente os mais jovens, para aumentar suas chances de sobrevivência e sucesso no competitivo cenário econômico.

11. Taxa de Entrada e Saída em 1 ano

Indústrias de “informação e comunicação” e “educação” são de longe as melhores taxas de entrada, 26,51% e 25,04%, indicando alto interesse em novos negócios nessas áreas. No entanto, esses setores também têm taxas de saída mais altas, 11,61% e 10,83%, respectivamente, sugerindo que há muita concorrência e a necessidade premente de inovação para manter a empresa aberta. Ao contrário, com taxas de entrada relativamente baixas, setores como “Construção” e “Indústrias extrativas” têm boas taxas de saída, 5,87% e 6,02%, indicando níveis mais altos de estabilidade ou comprometimento com o campo. Portanto, embora os setores que têm uma taxa de entrada alta ofereçam oportunidades atraentes, eles também são caracterizados pelos desafios consideráveis que afetam a retenção dos microempreendedores. É vital para as políticas públicas desenvolver a entrada nesses setores, mas também emigrar os motivos que causam a saída para garantir o ambiente mais sustentável e favorecedor para o microempreendedorismo.